segunda-feira, 28 de agosto de 2017

O Dia que Perdi a Visão


No ano passado (mês de maio), acordei de madrugada sem enxergar.
Nada.
Levaram-me ao hospital e lá, após três dias, fui diagnosticada com uma doença chamada neurite óptica.
Sabe-se lá porquê, o médico achou que essa não era a verdadeira doença e disse à minha família que faria um exame com catéter, porque na realidade ele achava que eu estava com alguma obstrução em alguma veia do cérebro (lembro-me que ele falou em vasoconstrição).
Quando falaram-me sobre o exame, acabei não concordando e pedi alta e quase nada pude levar do hospital, a não ser meu exame de ressonância magnética.
Minha família ligou para o meu oftalmologista e ele disse para eu ir ao seu consultório urgentemente e marcou uma consulta às 12:30h.
Cheguei mais cedo do que o horário marcado e ouvi uma mulher chegando depois e dizendo que sua consulta era às 12:30h.
A secretária explicou a essa mulher que ele estava sem enxergar e que meu caso era urgente.
Eis que ela responde:
- Não me interessa, eu quero ser atendida no meu horário, será que não posso passar na frente?
Se eu fiquei com raiva?
Não, pelo contrário.
Lembro-me que o único pensamento que passou pela minha cabeça foi que essa mesma mulher deve ter página no Facebook e postar fotos e mensagens de amor, paz e alegrias.
Eu nem imagino como era seu rosto, mas, onde ela estiver, com toda certeza o perfil dela é fake.
E como é.
Essa é banalidade do mal.
Hannah Arendt que o diga.

Foto extraída do site: http://68.media.tumblr.com

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